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A Grande Volta


Tudo o que vive sem saber a vastidão que traz dentro de si, traz também o potencial lindo e instigante de despertar e redescobrir, com amor, toda a verdade que sempre soube... Verdade infinita outrora adormecida. Se fosse fixo não seria dança, não encantaria tanto assim, seria previsível e domesticável, não seria alma...

Ah se dormiu foi para um dia acordar e florescer, e se floriu foi para polinizar, hibernar e logo mais recomeçar. Tudo que se despede é por que um dia chegou e assim como chegou um dia parte, de repente retorna, nunca igual e por isso único e insubstituível é cada instante!

Que o desvendar seja amoroso e paciente, o flerte respeitoso e não menos extasiado, a descoberta do outro e a de si, do vasto e lindo mundo externo-físico e do interno-ínfimo, do jardim que se cuida fora e dos plantios internos, da mente e do coração, que descolonizem-se as terras, o pensamento e guardemos os lugares sem prendê-los ou murá-los, que seja com leveza e encantamento extasiante o chegar e o deixar o outro, a geografia do caminho que se faz por dentro e por fora, que seja sagrado o toque de si, da pedra, da ferramenta, do rosto e do Todo que é dito em cada partícula...

Seja sagrado matrimônio o que todas as relações nos ensinam em escala menor ou maior e em cânone multicor, quando a relação flui, ensina a direção a seguir, sempre seguir, não há lugar ou nota musical onde se ficar, por muito tempo, sob ilusões de posses e contratos, mas sim inspirações que motivam a seguir, desdobrar, compartilhar, sempre há muito ainda a ser visto adiante, acima... Não se detenha obcecado pela mão que apontou o caminho. Vá e vá na dança, não se adiante e nem domine, sinta!

Quando as relações machucam pode ser o jeito possível de nos incentivar a buscar outros caminhos agradecendo pela lição aprendida e deixando acabar.

Dizer "não" ou fugir também é relação, é relação de negação e relação de fuga, um dia também se esgota até dizer tudo que tinha a dizer, liberando velhos padrões que cumpriram seus papéis e agora caminham rumo ao limbo do esquecimento, se deixar a dor passar sem apego... Como é belo dizer “não”, ser ouvido e aceito, ter seu tempo respeitado, isso é o mesmo que respeitar o tempo do outro. É mais fácil ouvir “não” quando se respeita os próprios “nãos”. Mas o “Sim”... Essa chave de ouro que vai abrindo os caminhos como água de uma cascata em êxtase! Porém, quando é dita sem o coração, por medo ou coação é convite aos mais austeros professores, que fiquem no passado…

Tanto a consciência se ampliou, tantos opostos percorreu que agora se rende a apreciação da vida sem de fato ali precisar estar, sofrer ou do prazer se embriagar. Tanto observou que de novo é lá, de novo lá, onde vai sentir saudades de estar, ainda que custe o preço de uma temporária perda da consciência externa em prol de o caminho todo percorrer novamente, mas nunca como antes, contextos novos... Assim como infinitas músicas são possíveis com as mesmas notas musicais, o impulso criativo divino-humano se refaz, um dia apenas se ouve, no outro se repete o refrão, até que o corpo dance e tudo que ouve e vê de novo anseie ser e estar... Chegue o silêncio, seduza o verbo, a dança, dentro, fora e através...

A Grande Volta - Roni Diniz 2018-01-26

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Flor de Lótus. Jardim Botânico de São Paulo 31/03/07 Foto: Roni Diniz

PS: Esta fotografia tem uma particularidade especial, foi tirada na minha primeira saída fotográfica <3.

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