
Cada vez mais se torna comum ouvirmos o termo “falocentrismo”, me parece muito coerente que o termo apareça intencionando lançar luz numa velha cultura abusiva centrada em interesses tidos como masculinos (uma masculinidade tóxica que embora instituída, não representa a pluralidade masculina), nossa mente polarizada naturalmente sempre pede o contraste para entendermos as coisas, por exemplo, é por meio da ideia de noite que entendemos o que é dia, da ideia de doce entendemos o que é salgado, da ideia de frio entendemos o que é quente, da ideia de tóxico se entende o que é SAUDÁVEL, da ideia de real se entende o que FALSO.
A nomenclatura “Falocentrismo” nos ajuda a entender o quanto a normose em torno do machismo se estabelece em detrimento do feminino em um crasso desprezo à vagina, ao feminino, à mulher… É fato! Então, por isso, também acaba ocorrendo de concluirmos que o masculino está sendo "valorizado", quando na verdade trata-se de uma ideia deturpada e tóxica do homem que nega inclusive o próprio corpo masculino e o "falo" reduzindo-o ao status de soldado, válvula de escape de nossos sentimentos renegados e alma suprimida...
Passada esta constatação, sem de modo algum querer com isso desmerecer ou diminuir o caráter de denúncia por trás das chamadas ao questionamento do Falocentrismo, seguiremos adiante... Agora eu proponho de analisarmos o que é esta ideia do "Falo" sobre a qual os interesses atuais ditos "falocêntricos" estão centralizados ou girando em torno de... e propagando…
A ideia fake propagada de "falo", que o nega
É uma de "pê.nis" inumano, eternamente ereto e que precisa trabalhar 24h sem poder negar fogo, nunca, jamais… Que só "existe" em filmes pornográficos ou sustentados por automedicação negligente e perigosa. “Tome-lhe rô.la!” como gostam de dizer com orgulho os seus fanáticos(as) súditos, sem saber que é o exato prazer-no-abuso e violência a qual também se autoaplicam inconscientemente e com a qual se viciam e sobrecarregam seus corpos, seus sexos subjugados à compulsão e à superficialidade. Mas o que não é mais tanta surpresa é que este ideal é sustentado a custo do próprio corpo masculino também, em cima da negação e do desconhecimento de si mesmo e sim, pasmem, desprezo até ao próprio pê.nis e do próprio homem-real! Reduzido assim a um personagem Fake morrendo de medo de ser desmascarado a qualquer momento e por isso mesmo, eternamente em luta, competição e em fuga de si mesmo. No fundo, nesta lógica normalizada socialmente, ganha o prêmio de “macho alpha” aquele q está obcecado pela estratégia mental ou animalesca (primitiva), mais desconectado de si mesmo (de sua divindade e amorosidade, do seu corpo real e limitações, vulnerabilidades), e do próprio corpo, escravizando-o-se ao status de "comedor". Mas a primeira a ser comida e mastigada ainda viva é a sua própria alma.
O “falo” idealizado que organiza nossa cultura de abuso é fictício e existe apenas na indústria pornô, maquiada pela edição de vídeo e pelo uso indiscriminado das pílulas azuis entre outros artifícios que o garantem performance cavalesca, porém vazia e com vários efeitos colaterais para a sua saúde física e emocional. Ops! É sobre esta expectativa mentirosa que a maioria dos homens e até muitas mulheres criam seus ideais de “pica de ouro”?!
Os homens que engrossam esta cultura tóxica tornam-se escravos da tarefa de corresponderem às suas próprias autoafirmações que são inatingíveis, desumanas, sempre com muita tensão, interpretação e autoabusos, tratando o próprio órgão sexual como um funcionário (quem nunca?), um robô ou um escravo sobre o qual ou por meio do qual despejam todas as suas frustrações, seus sentimentos negados, o medo da incompetência sexual, sua recusa de assumir e dar cabo das próprias fragilidades e claro, mais cedo ou mais tarde o corpo somatiza tudo isso em doenças e em outras consequências relacionais como a baixa autoestima e a vaidade excessiva para maquiá-la. De outra forma...
Como que uma das principais consequências do falocentrismo sobre o homem seria justamente 30% dos homens enfrentarem ejaculação precoce ou disfunção erétil e pouquíssimos admitirem, menos ainda buscarem auxílio... (dados de pesquisas divulgadas no documentário "O Silêncio dos Homens", disponível no Youtube) Já que sustentam na mente o medo de não serem este "falo" eternamente ereto, ou seja, tem medo de serem o que todos nós somos: humanos, cíclicos, frágeis...
A maioria dos Homens conhece tão genuinamente pouco a anatomia do seu órgão genital quanto conhecem a do órgão feminino do qual se gabam tanto de colecionar. Desconhecem que o maior "Viagra" são as sensações e emoções disponíveis pelo corpo inteiro e ignoradas enquanto investem apenas na performance literalmente escrota (Pesquise por “Tantra” para entender como o corpo inteiro é fonte de orgasmo, não apenas a genitália).
Estamos vivendo numa sociedade, costumes e sexualidade, centradas não apenas em torno de uma ideia falaciosa e distorcida de Falo, mas de uma FALSA ideia específica de Falo-Objeto-Sempre-Ereto e inatingível, como arma de status e pseudo validação social que adoece a todos, despreza e ignora até mesmo o próprio pênis e o próprio homem, ignorando até mesmo a sua própria, natural e mais autêntica masculinidade renegada em busca de um ideal fictício.
Como sempre, recomendo demais o filme documentário disponível no Youtube: “O Silêncio dos Homens” tanto para os homens quanto às mulheres que queiram compreender e lidar melhor com a sombra do masculino.
Como os homens podem se libertar destas amarras? O mais autêntico caminho que eu conheço e também vivencio é o caminho do genuíno autoconhecimento, há muitas formas de iniciarmos este processo de resgate do SER, como as terapias, a meditação, a psicoterapia... Mais recentemente estão multiplicando os círculos de homens pagos ou gratuitos e online devido à pandemia.
Acompanho e recomendo também algumas páginas que trazem informações, reflexões e eventos em torno destes temas:
@masculinidade.saudavel
@omachodarelacao
@papodehomem (responsável pelo filme)
@percorrendo_masculinidades
Fotografia: Acervo Pessoal, Autorretrato na Praia Brava de Arraial do Cabo.
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