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Às Mulheres - por Roni Diniz (8 de março)


Para mim foi importante ter passado este dia das mulheres em silêncio e na escuta aqui dentro. Sempre me expressei muito, sou naturalmente expressivo, e tudo bem também, mas isso nem sempre é tão fácil ou simples de reconhecer e lidar, espero ou acredito que agora eu me expresso de forma mais responsável e consciente do que antes, menos regido pela raiva ou pelos rancores inconscientes, mas sim, a gente passa pela fase de vomitar nossos rancores também... Isso tem consequências que se estivermos humildes e atentos, podem nos ajudar recuperar o equilíbrio e retornar ao nosso centro, mais maduros…

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Bem, minhas irmãs, cunhadas e amigas me deram desde criança um feedback de que eu sempre fui naturalmente um bom e compreensivo ouvinte.

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Muitas mulheres sempre "falaram" também através de mim, através do masculino que sou e estou aprendendo a conhecer e honrar cada vez mais, mas as mulheres continuarão a falar sim, espero que fale principalmente e mais a Mãe de todos, a Mãe Terra que eu sempre senti tanto. Ainda mais a partir do momento no qual eu percebi o valor de suas vozes e que dar-lhes voz não me tornaria menos homem, um medo que nos implantaram desde criança, mas pelo contrário, me torno é mais eu, não é para eu ser bonzinho, exemplar ou ganhar biscoitos, mas porque faz parte da minha "cura" também, do empoderamento do meu Ser com tudo o que me contém, mesmo que às vezes soe contraditório, é me permitir ser quem eu sou. E o que eu digo de forma autêntica, somente eu posso dizer de onde eu vejo e sinto, é único, ninguém pode fazer isso por mim é minha responsa. Assim como também a sua voz é valiosa e somente você pode expressar o que é o seu autêntico sentir, ainda que não tenha palavras agora.

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As mulheres estão dentro do meu mundo interno e gritavam, mesmo nos meus desenhos de criança que se tornaram gatilho para uma peça teatral, todas as mulheres com as quais eu me relaciono diretamente ou as que eu apenas sinto, as mães, as avós, as tias, as amigas o que elas disseram ou sofreram, nunca foi indiferente a mim e nem é a nenhum homem, por mais que neguem ou não percebam conscientemente, as mulheres estão também no meu DNA e no seu que me lê, estão aqui reverberando nesta terra. Uma energia criada não pode ser anulada ou apagada, apenas transmutada e é preciso ouví-las é preciso consciência para transmutar. Ah dos homens também! É meio a meio. Cada vez mais eu percebo que é impossível pensar em uma realidade melhor, se também não pensarmos e agirmos também referente aos homens, mas sempre começamos por nós, aqui dentro.

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No vídeo, um poema com um texto que pode parecer polêmico para alguns, eu sei, por gentileza, absorva apenas o que te fizer sentido ou te tocar, descarte o resto. Mas como eu poderia expressar o prazer e o êxtase que eu sinto ao vê-las livres e selvagens se eu também não expressasse este texto assim, livre e selvagem?

Eu peço licença para homenagear algumas mulheres que me inspiram, algumas mulheres que me ensinam, muitas que me apoiam e me apoiaram e não estão aqui, mas que se sintam representadas!

Também cenas de alguns dos meus últimos trabalhos artísticos que trazem a temática do feminino e do masculino ou da mãe, dos arquétipos.

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A #PerformancePeitos nasceu de um feedback da Vivi, amiga, bailarina, mãe, atriz, quando veio assistir à #performanceHomens, na qual eu e alguns amigos enfrentamos nossas próprias barreiras para dançarmos na Paulista, evocar a sensibilidade e amorosidade do Ser Homem, ela comentou sobre o momento no qual tiramos as camisas para escrever “homens” em volta do chackra cardíaco, ela sentiu como se fosse uma provocação, pois as mulheres jamais poderiam tirar as blusas em público. Não tem como falar de homem e não tocar nas mulheres e nem o contrário. Um mês depois em Ubatuba, na cachoeira, as mulheres decidiram tomar banho de topless e me lançaram seus biquínis, fiquei ali como guardião, apreciando aquele quadro da vida, mulheres livres e nuas como a cachoeira, como a floresta é nua, e os homens, nossos amigos e alguns de seus companheiros, estavam normais, alguns que eu observava, apenas com um olhar de reverência e contemplação. Aquilo parecia um sonho, um outro tempo! Então voltei para Sampa e convidei a Vivi para fazer topless e atravessarmos um quarteirão da Paulista, só isso, a gente sabia que poderíamos ser presos, mas nos preparamos com respaldo legal e numa espécie de ritual, onde eu pude ouvi-la sem palavras, enfrentamos juntos os olhares de um pleno horário de Pico em um dia 8 de março inesquecível.

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Ela decidiu exibir as correntes em volta dos seios, pois era exatamente como ela se sentia. O peito traz tantos simbolismos! A nutrição, o leite materno, a feminilidade, a coragem, o amor, o coração, o centro da vida… As mulheres reivindica seus corpos e o direito de ser o que são e o que quiseram ser, ao passo que um tímido, porém crescente movimento de homens reivindicam o direito ao contato com suas emoções e sensibilidade, homens são os que mais matam e os que mais cometem suicídio estatisticamente.

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Alguém já odiou os homens?

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Sabe, o mais chocante para mim, foi vivenciar certa vez em uma sessão de Thetahealing um rancor profundo e inconsciente aos homens em mim. Talvez porque as mulheres sempre se expressaram mais para mim, ouvi e senti, eu podia sentir empaticamente como estavam feridas e magoadas, mas os homens não, eles não se expressam, apenas explodem, trabalham, trepam e alcoolizam... Eu sou um homem que se expressa, então me sentia negado e excluído do clube do bolinha, não me sinto mais assim. O meu rancor contra os homens me impedia de ser mais completo e conhecer o que é de fato a minha energia masculina, para então reequilibrá-la, sigo aprendendo, treinando. Meu rancor aos homens estava me mutilando, ué se eu odiar os homens, também estarei me odiando e não me aceitarei, como poderei querer prosperidade e relacionamentos saudáveis se eu mesmo me odiar? Quando dependemos apenas de referenciais externos - isso é normal quando somos crianças - ficamos como que aleijados sem uma figura masculina saudável que nos inspire e nos oriente de forma saudável, sendo. Mas tudo que existe aqui no mundo externo é fruto do nosso mundo interno! Que tal começar por lá então? Observe a cidade, os prédios, este celular ou computador no qual você lê esta mensagem e reflita, percebendo se um dia tudo isto não brotou dentro do mundo interno ou da mente de alguém antes de surgir aqui.

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Então, sinto que a equanimidade só vai de fato acontecer de forma abrangente, quando “respeitar uma mulher”, uma planta ou qualquer outro Ser, não seja apenas um cumprimento de lei, uma crença, um mandamento, uma responsabilidade de respeitar o outro, mas um COMPREENDER e SENTIR que é cuidar e respeitar A SI MESMO. Até lá, sabemos que a luta continua, as manifestações, as leis devem ser reajustadas e os agressores exemplarmente punidos. Denúncia, educação, campanhas, etc. Acontecem excessos por todos os lados e os excessos nos cegam. O que transforma de forma contundente é a expansão da consciência individual que se transformará em nova consciência coletiva mais cedo ou mais tarde. Mas ninguém evolui ninguém, é de dentro pra fora. Tudo o que se pode fazer em relação à consciência alheia é semear e SER a mudança que queremos. E claro, o “amor” somente terá reais efeitos se amarmos o próximo como amamos a nós mesmos ao invés de Estigmatizamos o próximo como dizemos que nos amamos e os amamos ao estigmatizar e maltratar a nós mesmos.

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Todos nós temos o feminino! Até o Bolsonaro tem um lado feminino, reprimido e estuprado aparentemente...

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Como perceber como é o lado feminino dele ou o nosso? É e-xa-ta-men-te tratado como se trata as mulheres a sua volta. Entende? Um pé de maçãs não dá laranjas. Como é o lado masculino de sua parceira? Como é seu parceiro, ou o padrão de homem que lhe atrai. Quando uma mulher cura e reequilibra o seu lado feminino, recupera sua a autoestima, reconhece e assume a sua essência feminina original, subversiva, livre, intuitiva, selvagem, naturalmente vai mexer na sua energia masculina também e ela não vai mais tolerar certos tipos de relacionamentos abusivos, ela mesma também não se silencia e nem se domestica mais. Como será que é a energia masculina das eleitoras e até de seus eleitores gays? Tenho um palpite, exatamente como ele representa, um masculino deturpado e abusivo também! Como poderia ser diferente? Um feminino domesticado e mutilado, um masculino moleque que teme o feminino e por isso ataca. O presidente é um doloroso espelho da deturpação masculina que habita nossa sociedade, nossa Terra. Em mim também? Preciso olhar para dentro. Retire o Bozo e logo sua energia remanescente cria um outro avatar. O Bozo é um sintoma. Retire o apêndice e não mude de estilo de vida pra ver, outro órgão vai expelir aquele acúmulo. Ele tem uma ou mais características da figura paterna que muitos tiveram e ainda insistem em reproduzir, pois se identificam mesmo que tenham sido feridos por ele, é o referencial de “pai” que muitos têm, ou dos companheiros abusadores que muitas mulheres tiveram e quem não ilumina estes traumas repete a mesma história inconscientemente até que desenvolva consciência e auto responsabilidade… A vida é uma professora implacável. Aprendi que quando sentimos uma dor forte, é o nosso corpo se comunicando, fazendo seus esforços para liberar os bloqueios no canal e nos comunicando o processo. Geralmente a gente aprende a ir lá e anestesiar, sumir com a dor e ela retornará pior. O que podemos fazer para ser uma saudável contribuição? A nossa parte, aquela que ninguém pode fazer por nós, olhar para dentro, as ações mais alinhadas são uma consequência da consciência expandida, faz sentido?

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O sagrado feminino que habita em mim saúda o sagrado feminino que habita em você!

Não importa como ele esteja hoje, empoderado, ferido ou esquecido nos porões da sua psiquê. O sagrado masculino em mim saúda o sagrado masculino sagrado em você! Seja você de qual gênero for. O feminino, a shakti, o Yin, habita em tudo o que existe, dança, encanta, gesta e pári... O feminino em mim ou em ti, pode e deve expressar os seus “Nãos” livremente. Faz sentido? O masculino em mim deve e pode aprender também a ouvir e acolher antes de agir, é como um volume estridente de um som, pode ser dosado ao invés de cortado, mas depois de muito tempo no barulho ficamos ansiosos pela mudez. Cortar a energia masculina é outra automutilação, seria como desenvolver heliofobia, precisamos da luz solar e precisamos então dosá-la.

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Nossa alma é "A" alma, é mulher e o que ela nos revoga não difere tanto do que as mulheres reivindicam: sua voz, o reconhecimento do direito de ser o que se é e o que quiser ser! Mas é em vocês mulheres de carne e osso aqui, seios, leite, coração, maré, vagina, menstruação, mãe, filha, esposa, parceira, Natureza e na representação carnal e material onde aparecer, justamente onde se DENUNCIAM ou se ovacionam o trato que temos tido com o feminino, nossas deturpações e a chave para treinarmo e acessarmos os “portais” que somente o feminino guarda, AS DICAS de onde podemos melhorar, perceber e ser um “não” bem expresso, um reconhecimento mais eficaz do próprio espaço para que enfim o “SIM” exista mais saudável e realmente signifique “SIM”. O feminino pede voz e exige seu espaço seja dentro em nós homens ou nas mulheres em seus corpos, com a feminilidade desromantizada que lhes habita, como se expressa e é ou não acolhida em vocês mesmas... Entendendo e reequilibrando a energia masculina que também lhes habitam e inevitavelmente também se reflete aqui fora…

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Que as mãos que te tocam, sejam as suas próprias ou dos parceiros que escolhem, sejam mãos mais conscientes e alinhadas ao coração, a sabedoria intrínseca do Ser, celebrando a sagrada união com amor e um retorno a divindade que nos habita que transcende, a religião e seus dogmas e os gêneros sem os negar, celebrando-os, celebrando-te, celebrando-nos.

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