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Um bonde chamado Estupro


Ainda é "Não à Cultura de Estupro"!

Preciso iniciar este texto pedindo desculpas a quem, assim como eu, já sentiu ou sinta qualquer sensação dolorosa instantaneamente acionada por esta palavra! Igual ou muito pior do que a sensação de um soco no estômago, um frio na espinha ou algo bem pior do que isso, como a que eu costumava sentir ao ouvir este som antigamente, quer você tenha sofrido uma experiência assim ou tenha passado pelo trauma de ter uma pessoa amada ou próxima a você vítima deste sofrimento...

A primeira vez da qual eu me lembro de ter ouvido alguém me dar um depoimento sobre isso, eu tinha uns 9 anos de idade. Eu estava em um ônibus indo a uma excursão de igreja com a minha irmã, como estava cheio, me sentei separado dela e ao lado de uma moça que aparentava ter no máximo uns 18 anos de idade. Imediatamente tivemos uma química e começamos a conversar como se fôssemos da mesma idade, com o meu riso solto de sempre, falávamos de tudo e a minha irmã ouvia, às vezes participando de algumas partes. De repente, me lembro de quando passamos por um determinado lugar e parecia que uma nuvem negra tinha passado por cima dos olhos da moça, como se um filme começasse a passar bem na sua frente, e eu engoli seco, como faço de novo agora enquanto escrevo. Ela não hesitou em me contar que tinha sido estuprada ali quando ainda era uma pré-adolescente e sem se importar muito com a minha pouca idade, ela narrou o fato ressaltando o quanto lutou, me mostrando algumas cicatrizes, oscilando, às vezes, com um tom de orgulho na voz atrelado a sua recusa e luta por escapar, o que me dava um pouco de esperança de talvez ouvi-la no, decorrer daquele relato, dizer que foi salva ou que escapou, mas não foi o que aconteceu... Nem eu e nem ninguém precisa realmente ter passado por isso, pra ser capaz de levar junto um pouco da dor desta moça e tantas vítimas deste crime terrível!

Eu sou o irmão caçula da família, me lembro de ficar em casa rezando para Deus proteger minhas irmãs mais velhas quando elas saiam de casa a noite e alguém fazia algum comentário mais preocupado de cuidado. Ao longo da minha vida, não sei por que, me foram confidenciados muitos, muitos casos de estupro, em um deles a vítima era uma criança de seis anos quando passou por isso, um irmão e uma irmã vítimas de um padrasto, e até mesmo, uma amiga que foi vítima do próprio pai biológico... Neste último caso, por intuição eu já sabia o que ela estava prestes a me contar, eu passei mal e pedi que me contasse outro dia e quando finalmente ouvi, fiquei uma semana muito mal, chorando todos os dias. Demora muito tempo para a gente começar a aprender que a melhor maneira de ajudar uma pessoa assim é não sendo uma esponja! Ter compaixão e empatia não é sentir pena. Tratamento psicológico é indispensável para uma vítima desta violência, é difícil imaginar o tanto de distúrbios que isto pode ocasionar, alguns são inconscientes, alguns de personalidade... Mas é fundamental que quem ouve ou apoia uma vítima, também se preserve e se cuide emocionalmente, esteja bem para não absorver o trauma e sim permanecer em condições de ajudar, reconhecendo a limitação que temos de não poder apagar isso da vida de ninguém, que é um trauma com o qual se pode aprender a viver e superar com o tempo apesar das cicatrizes... Existem excelentes psicólogos que possuem as ferramentas certas para ajudar, além de grupos, etc.

Por causa deste histórico, quando surgiu a campanha nas redes sociais #ElaNãoMereceSerEstuprada, foi meio chocante para mim, abrir a minha página e encontrar um mosaico repleto desta palavra. Muitas amigas, algumas das mais tímidas, tiravam fotos nuas ou seminuas em apoio à campanha, até alguns amigos. A discussão era em torno da nossa antiga cultura, por causa da qual, muitas crianças cresceram ouvindo o conceito de que a vítima é culpada de “seduzir” o algoz e este é “eximido” de sua responsabilidade já que mulheres que andam com pouca roupa “estariam pedindo para serem estupradas”. Um absurdo tão grande que eu me recusava a discutir. Eu entendia o argumento da campanha e concordava, mas a enxurrada de protesto, a nudez para dizer que não merecia um estupro, inclusive ao lado de alguns homens, não me pareciam justificar a banalização desta palavra que ao meu ver trazia todo este peso e me incomodava demais, eu preferia não proferi-la, mas isso iria mudar! Por isso, na época, fiz o meu protesto pessoal sem usar a palavra, como pode ser visto na foto que ilustra este post. No ano passado este post reapareceu no meu feed como uma lembrança do Facebook, fiquei chocado de ver como tudo era tão atual e como tudo era mais complexo do que apenas uma luta de quebra de paradigma em torno do modo de se vestir, agora estavam em pauta outras hashtags #EuLutoContraaCulturadoEstupro, #BelaRecatadaedoLar. Uma amiga questionou minha mensagem na foto: “Então quer dizer que o cara só vai achar absurdo se imaginar acontecendo com alguma mulher próxima a ele?” Na época não me fez sentido o comentário dela, pra mim era o contrário, era algo tão óbvio, quanto saber que também temos mãe, irmã, e do mesmo jeito que, nós homens costumamos ficar revoltados quando outros as tratam como objeto, também deveríamos saber que as outras mulheres também são valiosas e merecem respeito como as próximas de nós, independente de como se vistam, falem, bebam, comam...

Em fim, em meados de março de 2016, finalmente fui assistir à montagem da peça "Um bonde chamado desejo" que retornava com temporada no Tucarena aqui em São Paulo. Enquanto eu a assistia, um filme passava em minha cabeça, eu ria sozinho me lembrando dos nossos erros e acertos, enquanto montamos algumas cenas desta peça no Senac, com o intuito de experimentar na prática o método de interpretação de Stanislavski. Um ator machucou os dentes testando as jóias da personagem Blanche, outro invertia o sentido das falas tentando fazer um improviso (risos). Cada fala tinha uma ou várias histórias de bastidores a mais para mim. Todos os homens da nossa turma fizeram o personagem Stanley, e todas as mulheres fizeram a personagem Stella ou a Blanche. Estudamos o contexto e o autor, confesso que fiquei bem impressionado com a história tão trágica do próprio autor Tennessee Williams, homossexual em uma família machista e uma irmã esquizofrênica, sobretudo como resquícios de sua vida apareciam na sua obra. Mas naquela experiência o que mais me chocou foi encontrar em mim, "no holograma que todos nós seres humanos somos" (segundo o célebre Antunes Filho que também foi responsável por uma montagem que assisti em novembro de 2016 do mesmo texto no Sesc Consolação), algum material para criar o machão frustrado que o Stanley representa ao meu ver! Foi uma construção muito trabalhosa, nosso querido diretor e professor Luis de Tolledo, nos conduzia de modo preciso, sem preconceitos com a personagem, num estudo de expressividades possíveis e consciência de alguns dos nossos próprios vícios expressivos, nos permitia detectar as coisas, nos questionava, nos provocava e quando eu soltava, depois de boas lapidações, o personagem aparecia e bem vivo... Era uma alegria tão grande, mas depois tinha que repetir e repetir... Algumas meninas da sala confessavam sentirem uma forte atração pelo “meu Stanley”, por ele, não por mim? Bom, se era algum tipo de flerte para mim, acho que não funcionou... (risos) Passado o processo, era curioso imaginar, como esta persona, mesmo sendo fictícia, tão selvagem, tão cheio de instintos primitivos e excesso de autoafirmação, um estuprador, podia despertar tantas coisas controversas... Ele não é uma figura tão distante de nossas realidades, não é mesmo?

Mas agora enquanto eu assistia a essa nova montagem, eu fui aos poucos, saindo deste lugar de crítico, fui sendo sugado pela história, graças à interpretação fenomenal das atrizes Virgínia Buckowki e Maria Luísa Mendonça que me causaram uma empatia absurda com aquele vínculo de cumplicidade das irmãs, em seguida, Donizetti Mazonas no papel do Mitch também deu um show de entrega, grandes acertos da direção, na estética... Logo mais, eu me peguei dançando, ainda que imóvel fisicamente, entre a loucura sublime que Blanche exalava enquanto pairava sobre superficialidades e verdades perturbadoras e encantadoras! Stanley entre o desespero de manter com violência o seu “poder de rei” ameaçado naquela casa, como os ciclos viciosos entre algoz e vítima se retroalimentavam, marido e mulher, como Mitch foi incapaz de acolher e assumir a mulher que amava por causa das convenções sociais e foi tão cruel quanto os outros na condenação de Blanche, que não teve seu direito sobre seu próprio corpo ou sobre seu futuro e escolhas. É claro que o que deixo aqui é um registro bem pessoal - sempre é. O texto original, pelo que eu me lembro, deixava inacabada a cena na qual Stanley se confronta de vez com Blanche sob a sugestiva e célebre fala de que “aquele encontro eles estava marcado desde a primeira vez que se viram”. Lembro-me que ao conversar com outros alunos do Senac, nossas opiniões divergiam quanto ao fato de o estupro ter ocorrido ou não, uma estratégia bem comum de alguns dramaturgos ao permitir que o público complete a história. Nesta montagem o jovem diretor Rafael Gomes, 32 anos, não deixou dúvidas! Nem sobre o preço e peso pelo silenciamento de Stella ao escolher acreditar no marido traindo o vínculo com sua irmã, nem o preço que Blanche paga por confrontá-lo e ousar existir do jeito que pôde! A loucura de Blanche é belamente tecida por Maria Luisa Mendonça com nuances crescentes que acompanham não só o estupro físico, mas o abandono, o julgamento com dois pesos e duas medidas para homens e mulheres, o silêncio de todos que a amam se tornando cúmplices de seu agressor, por se calarem, e daquele (deste) mundo, incapaz de compreendê-la e aceitá-la com suas forças e fragilidades controversas e traumatizadas. Mas não só Blanche é complexa assim, como todos nós, um pouco mais ou menos! A peça terminou com uma “foto” da sua silhueta de grito sob um foco de luz que se esmaecia lentamente. Atônito, me pus de pé batendo palmas antes de os atores entrarem para os cumprimentos finais, sem conseguir descrever pra mim mesmo a viagem que eu acabava de fazer ali! Me senti inspirado e feliz, mas com um imenso espinho na garganta me sentei subitamente. Senti uma leve tontura, um formigamento brotando das minhas mãos e pés e lágrimas nascendo das minhas entranhas. Respirei fundo, percebi que a plateia já estava ficando vazia, respirei de novo, ergui a cabeça e sai. Mas ao chegar ao hall externo eu sentia minhas pernas bambearem e achei melhor me sentar. De cabeça inclinada, o formigamento tomou conta do meu corpo e comecei a chorar quieto, perdendo o domínio sobre o meu corpo, um suor frio escorria por minhas costas e eu chorava sem fim com aquele espinho na garganta, nenhum comando de ordem racional que eu me dava surtia efeito. Era só uma peça, só ficção, já tinha acabado, mas meu corpo demonstrava algum transbordamento de ordem transcendental. Meus amigos me traziam água, eu bebia começava a me recompor, mas logo em seguida continuava aos prantos. Era como se eu simplesmente assistisse ao meu corpo, constatasse as sensações, mas sem muito controle, eu não me sentia possuído de jeito nenhum, mas sentia que o corpo falava por si só, sentia um certo desespero e pedia ajuda a Deus, mas era como se eu soubesse que eu estava seguro e fora de perigo, porém precisava “ver” aquilo. Eu acalmava minha respiração, controlava o choro, mas logo em seguida voltava aos soluços, com uma sensação de que a qualquer momento eu poderia explodir. Meus amigos me perguntavam o que deveriam fazer, eu dizia que logo ficaria bem, sempre sentado de cabeça baixa. Até que em determinado momento eu decidi parar de negar o que já estava acontecendo ali a mais de meia hora. Quando eu soltei o meu corpo, gritos começaram a brotar do fundo do meu ser e pude notar algum abalo resultante no concreto daquele lugar, ou pelo menos era esta a minha sensação, gritei até que senti a voz falhando, até que um silêncio tomou conta do lugar e de mim e finalmente fui erguendo minha cabeça devagar... Uma mulher se aproximou de mim e perguntou se poderia conversar comigo, eu disse que sim. Ela me disse alguma coisa assim: “Eu entendo você. É horrível ver a violência que este mundo submete às pessoas que não se encaixam”. Isso não me fez muito sentido na hora. Me lembro de dizer a ela que tinha sido a cena do estupro que mexeu comigo, mas eu não entendia o porquê, já que eu nunca passei por isso e nem vi ninguém passar. Ela me abraçou por um tempo, me recomendou fazer psicanalise o que ela mesma já fazia a algum tempo, ao que eu disse que já fazia psicoterapia, conversamos um pouco e nos despedimos. Eu me sentia muito bem e leve depois de tudo isso, com um pouco de vergonha quando me dei conta dos gritos que dei é claro! Um dos meus amigos me perguntava se eu queria que ele fosse comigo até em casa ou ligar para alguém da minha família e eu achei melhor não... Demos algumas risadas e constatamos como eu deveria tomar cuidado com métodos de interpretação como o da Fátima Toledo, dado o meu grau de sensibilidade... Mas eu escolheria trilhar exatamente este caminho! Depois disso, pouco a pouco, fui entrando em contado com a minha vulnerabilidade em diversos processos ao invés de negá-la e a despeito da postura de gente pronta e incisiva que o mundo espera de nós na carreira, nas relações, na competitividade desregrada de cada dia...

“A ARTE NÃO É A IMITAÇÃO DA VIDA

Artaud quer portanto acabar com o conceito imitativo da arte. Com a estética aristotélica, na qual se reconheceu a metafísica ocidental da arte. ‘A arte não é a imitação da vida, mas a vida é a imitação de um princípio transcendente com o qual a arte nos volta a pôr em comunicação.’ Jaques Derrida” (Citação no Programa da peça Blanche de Antunes Filho)

Com calma, deixei os assuntos maturarem na minha mente e corpo. Além da busca de espiritualidade, meditação e novas experiências artísticas que minha intuição indicou, iniciei alguns estudos, em torno destes temas, sobre os quais cada vez mais reconheço a necessidade de falarmos a respeito, particular e socialmente. Sim, o que é a Cultura de Estupro? O que está atrelado à imagem áurea de macho que ainda incutimos em nossos filhos, a qual ensinamos nossos meninos a tentarem ostentar a qualquer custo e nossas meninas a tentarem amar? Afinal, muitos preferem ver seus filhos sobre este pedestal ostentando suas máscaras de macho do que imaginarem-nos numa outra ponta extremista, sustentada pela homofobia, o pavor de verem filhos homossexuais no lado de vítima e não de algoz. Em uma destas linhas de pensamento, criei alguns objetos artístico que nomeei de Kit Anti-Estupro por volta de junho de 2016. Estes objetos artísticos constituem uma forma particular de materializar e “escrachar” ironicamente algumas posturas culturais que refletem a constante busca de autoafirmação inclusive por meio do “estupro” e algumas venerações da figura do macho alfa, porém de uma forma metafórica, para se protegerem de terem suas fragilidades expostas à penetração violenta alheia, como as que submetem aos outros. “Estuprar para não ser estuprado”. O que aconteceria com algum daqueles 33 "homens", caso se negasse a violentar aquela moça? Isso não é uma tentativa de justificar a violência, mas talvez de tentar ver além da imagem maniqueísta do rótulo de monstros. Pois é bem provável que esse monstro irreconhecível que agora se apresenta, também se alimentou do status que ganhou frente aos coleguinhas quando forçou a barra com aquela menininha... Quando deu um “alívio” aos pais afirmando sua masculinidade ao mexer com a outra moça na rua ou ao tirar sarro do coleguinha mais delicado... Talvez seja um pouco deste "poder" que que cresceu junto com sua insensibilização humana. Não me atenho apenas ao estupro sexual como tema, mas também à postura de usar o outro contra a sua vontade, ao seu bel prazer, inclusive aproveitando-se de seus momentos de incapaz, e depois descartar... Tendência impregnada em nossa cultura de consumo. “Se um não fizer, outro fará!”. Assim, eu acredito que o que se materializa num crime como o estupro e outros, primeiro se concretiza em outros campos mais sutis que começam com coisas aparentemente pequenas ou “inofensivas”. No fundo, a busca constante de autoafirmação masculina ou outras, a arrogância, a vaidade exacerbada (que não tem nada a ver com o amor-próprio), no fundo é uma tentativa de maquiar o medo, a insegurança, a busca de aceitação e do aparente alívio doentio de submeter ao outro o que tanto teme sofrer ou já sofreu!

Recentemente, alguns depoimentos, inclusive de mulheres famosas, tem trazido à tona casos de estupros banalizados, algumas tem quebrado o silêncio e revelam o quanto é comum algumas meninas terem tido “a primeira vez” com o namorado na forma de estupro. O que falta acontecer para repensarmos a educação ultrapassada e misógina que ainda sustentamos por puro comodismo e automatismo?

Em 2013, eu tive uma oportunidade ímpar de estudar com meu grupo de dança um fenômeno chamado Normose que se refere a um “conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir, aprovados por um consenso ou pela maioria de uma determinada população, que levam a sofrimentos, doenças, ou mortes”. O termo “normose” surgiu na França por Jean Yves Leloup para quem quiser saber mais. Um dos exemplos de normose em nossa pesquisa era o uso do cigarro, um hábito que trás graves consequências à própria vida e de outros que habitam o mesmo ambiente do fumante. Durante muitos anos fumar era símbolo de status, culturalmente aceito e apoiado massivamente pela propaganda e algumas celebridades, ninguém pedia autorização para fumar ao seu lado. Para o rompimento desta normose foi necessária uma série de medidas inclusive leis e campanhas que inibissem o fumo e ampliassem a conscientização sobre os males decorrentes do hábito de fumar. O direito de fumar e comprometer a própria saúde, não foi removido, mas o direito de não inalar a fumaça alheia, inclusive das crianças e outros que optam por se assegurarem da própria saúde foi finalmente respeitado!

“O estupro é um programa político preciso: esqueleto de um [sistema] opressor, é a representação crua e direta do exercício do poder. Designa um dominador e organiza as leis do jogo para que possa exercer seu poder sem restrições. Roubar, arrancar, extorquir, impor, se assegurar de que sua vontade se exerça sem entraves e de que possa gozar de sua brutalidade sem que a outra parte manifeste resistência. O gozo da anulação do outro e da sua palavra, da sua vontade, da sua integridade. O estupro é a guerra civil, a organização através da qual o sexo declara ao outro: tenho todos os direitos sobre você e te forço a se sentir inferior, culpada e degradada.” Virginie Despentes, Teoria King Kong” Mais uma citação do Programa da adaptação Blanche de Antunes Filho,

Eu fiquei surpreso quando comecei a detectar os indícios geniais na montagem de Antunes Filho, quando finalmente fui conferir em novembro, notei a abertura de um leque de leituras possíveis sobre o estupro, desde a colocação de um ator no papel de Blanche, toda sua caracterização até tudo o que ressalta o seu contraste em relação ao contexto. Algo que me lembrou muito algumas questões do Teatro do Oprimido. Mas essas relações e a reverberação do feminino que sofre frente à iminente exploração e anulação de seus direitos eu deixarei para outra postagem,

"O GRANDE TEMA EM TODA A MINHA OBRA É O IMPACTO DESTRUTIVO DA SOCIEDADE NO INDIVÍDUO SENSÍVEL E INCONFORMADO (INADAPTÁVEL)." TENESSEE WILLIAMS, CARTA PARA AUDREY WOOD (Programa)

"O estupro de Blanche por Stanley é o ato mais vital de toda a peça, sem o qual a peça perderia todo o seu sentido, que é a violação do sublime pelas forças selvagens e brutais da sociedade moderna". Tenessee Williams, Carta para joseph Breen, 1950 (Programa. Eu amos os programas das peças do Antunes Filho!)

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