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  • Textão

Ainda sobre o DIA DO ATOR. Qual é a matéria-prima do teatro?


Dia do Ator - Blog do Roni Diniz

Caramba! Eu sou infinitamente grato por ter a oportunidade de vivenciar um pouco deste Sacro Ofício! Eu digo "pouco", não por falsa modéstia ou humildade introdutória do texto. Mas porquê vejo o Teatro como uma daquelas coisas enigmáticas, tipo eu, tipo você, sabe aquelas coisas que você poderia ficar infinitamente montando e desmontando, como aqueles cubos coloridos... Existem regras e técnicas sim, vixi! São preciosas e muito úteis, mas também perigosas. Levante a mão em cena e conhecedores te indicarão centenas de referências pra você estudar... Mas qual é a tua verdade? E logo mais você pode se deparar andando em círculos, cativo no caminho que julgou libertário! As técnicas são como os quadradinhos de cada cor, alguns conseguem alinhar eles rápido, outros não, outros nem vieram até aqui por causa dos jogos mentais... Infinitos pontos de vista comprovados cientificamente e mais infinitos ainda a serem comprovados. Qual é a tua verdade? Mas o que eu queria era contar que ser ator nunca foi o meu sonho precisamente! Fui parar um dia no CEU Casa Blanca, aos 22 anos, saindo de uma depressão diagnosticada ("Você precisa se empenhar em descobrir e fazer as coisas que você gosta" disse o Dr., pra minha sorte, ops! Alguma coisa errada comigo, pois desde criança sempre escrevi e desenhei a rodo...), então, fui ao CEU para fazer aula de natação e fiquei sabendo que havia um tal de Programa Vocacional lá.

Levei um susto no dia da estreia, pois embora a data fosse lembrada quase todo dia pelo culpado Vicente Concilio, pra mim aqueles sábados nos descobrindo e descobrindo o mundo, por meio de um texto, um exercício corporal ou qualquer que fosse o movimento proposto para se criar algo, já era mais do que o suficiente para mim! Até começarem a me questionar lá fora o que eu tanto fazia aos sábado e depois me perguntarem quando eu iria aparecer na Malhação... Eu juro que tentei muitas vezes explicar que aquilo era muito mais do que isso! Mas é algo secretamente e apenas revelado a quem faz! Não há bastidores de vídeo-show que revelem a verdade!

A peça Capitães tinha muitos palavrões e nem convidei a família pra ver... Risos. Eu me lembro que o que me encantava nas aulas de teatro, bem sinceramente, era: a oportunidade de olhar descaradamente nos olhos das pessoas, tocar e ser tocado fisicamente sem nenhum outro cunho que não a descoberta (pelo menos para a maioria, risos) não importa quem fossemos. Era aquela convenção da cena que nos lembrava da liberdade que temos de estar em qualquer lugar existente ou não, e que de algum modo estas criações sempre nos uniam de formas "misteriosas" por mais absurdas que parecessem no início! Até hoje não consigo distinguir muito bem a diferença entre ver a alma do outro ou mostrar a minha, mas sei que em mim é que sempre posso gerenciar e também sei a dor de quando não é recíproco, acho que todos sabem... Sei que toda a liberdade dali, curiosamente, demanda muita disciplina e algo muito raro hoje em dia, mesmo quando há um bom pagamento envolvido, teatro demanda: tempo, energia e entrega... (Mas gastamos um montão aqui nas redes sem perceber!)

Isso era pra ser um textinho, afinal eu queria argumentar que não precisa do "dia do teatro" para lembrar dele, ele está aí o tempo todo te esperando, vá! E quem o faz, como vive e onde se esconde? Brigando por verba, divulgando trabalhos no Facebook, ouvindo, muitas vezes, aqueles velhos comentários clichês, deixa a gente tomar um porrezinho às vezes na Roosevelt que ninguém é de ferro, mas sempre lembramos que tem ensaio no outro dia! Ah aqueles velhos comentários daqueles que dizem amar a arte e sonhar com o palco, mas perguntam o tempo todo "se dá dinheiro"! Se "pega muita mulher" ou "róla umas surubas", risos! Mas a maioria dos atores, por mais que se distraia lá ou aqui às vezes, está sempre chamando é você ao diálogo... Ainda que seja para para se descobrir na frente do teu olhar e isso dói! Poucas vezes eu vi algo mais vulnerável do que que um ator em ensaio ou cena e tão invejado no pequeno instante dos aplausos que nos testa, corrompe, recompensa ou humilda!

Quando é Teatro, transborda...

Queria é divulgar os texto do meu blog quando escrevi este textão no Facebook, porque ser ator é estar naturalmente refletindo o tempo inteiro, mas nem todos tem saco pra saber do processo, refletimos sobre a matéria-prima deste ofício: a vida! (Isso não é mérito, assim como um padeiro que conhece farinha e faz pão, mas há infinitos tipos de pães e também muitos que fazem pão e ignoram a farinha... Não é julgando, apenas pontuando, muitos que estão de dieta ou outros que fazem seus próprios pães, o que experimentam de tudo... E tá tudo bem!)

Usei esta foto, não para fazer propaganda do #EspetaculoMAE, cuja campanha já acabou e ainda não tenho as datas para divulgar... Mas porque ela é do meu "agora", talvez o figurino mais difícil de se vestir: a própria pele, e, estranhamente, aqui dentro dela, vejo todos vocês também! Talvez muito mais agora! Gostaria de Honrar todos os espaços de teatro e de dança por onde passei, como se fossem a continuidade desta linha de desenhos na foto, os mestres e mestras que me inspiraram tanto a respeitar e não desistir do ofício, em sermões, perseverança ou silêncios, histórias, amor e este Palco que tem o poder de ampliar os temas numa lente de aumento e que nos oferece a chance de perceber/denunciar aquilo que se banalizou, se omitiu, mas também o sutil, aquilo que encanta e de um jeito ou de outro nos instiga ao caminho da consciência e comunhão! Neste domingo foi dia da fotografia, ofício que também me recebe, o outro lado da lente e é bom e possível dançar entre eles.

PS: Se você é carente e quer ser amado, reconhecido, não recomendo o teatro, falo por experiência própria! Ele amplia aquilo que você traz, se você trouxer carência.... Bem, a menos que você suporte atingir o ápice dela até que te conduza ao outro lado... Mas existem terapeutas, psicólogos, tetahealing, olhar pra dentro... Mesmo assim a arte e o Teatro te aceitam e te valorizam exatamente como você é, independente de quão bem você vende bilhetes ou não (eu disse o TEATRO e não o casting da Malhação ou do comercial). Mas o Teatro te dará proporcionalmente ao que você oferta a ele... E o público? Não falei dele? É você, sou eu, muitos, não são outra raça estudada, somos nós, ás vezes sabem o que querem e às vezes não, nos enganam e se enganam, mas sempre descobrimos muito juntos s enos permitimos, são tão distintos e tão parecidos na essência... Tantas vezes quero propor que vivenciem a peça em cima do palco comigo, vou mexer com vocês quietinhos aí, convidá-los a experimentarem uma sensação, mesmo que pareça desconfortável em comparação com o conforto da cadeira, a distância é uma dança possível...

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