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Ser Pai, Mãe e Filho, são faces da mesma moeda

Textão

Ser Pai, Mãe e Filho, são faces da mesma moeda. Roni Diniz

Que mês é Agosto! Meu aniversário é hoje, tivemos dia do Ator, dia mundial da Fotografia e o dia dos Pais! Mas ninguém conhece o Pai se não passar pela mãe. Ninguém se conhece se ignorar os pais mesmo que isto possa doer um pouco! Sabe toda aquela história do filho que recebia tanto cuidado e defesa da mãe, tanto que ela acabou, sem perceber, apoiando o abuso deste filho sobre os outros? Se deixou ser manipulada por suas chantagens emocionais, tinha dó e assim, sem querer, praticou, talvez piores injustiças... Sem querer, criou um "monstro" capaz de atrocidades, um ser humano que tem uma essência bela no fundo e que pode vir a tona a qualquer momento se receber a própria autorização interna (depende de si mesmo, de ninguém ou nada externo, do olhar pra dentro), mas será que talvez não se viciou nas aparentes vantagens de ser birrento e manipulador?

Sabe... Estes pais, tiveram acertos e erros... Todos tem, merecem ser amados e honrados eternamente, simplesmente por proporcionarem o nosso nascimento, mas amar não significa se submeter e ficar numa situação de desamor! Filhos devem conhecer o que tiverem que aprender e sair para fazer a sua própria história, é o fluxo natural. Para sempre os pais merecem nossa honra, gratidão e amor, mas também podemos e precisamos aprender de seus erros para não repetí-los, somente quando estamos muito atentos aos padrões doentios é que os percebemos e assim as sombras são iluminadas!

A Mãe Imperfeita

A Mãe imperfeita é você e também sou eu! Neste aspecto da Mãe-Superprotetora-Abusiva, somos um pouco ou mais disso todas as vezes nas quais insistimos em negar a atenção a alguém que PRECISA e nos implora impacientemente pelo direito de receber as consequências dos seus próprios erros, escolhas que possibilitariam seu próprio aprendizado! A Mãe cega pelo medo da perda e partida inevitável o protege desesperadamente, obcecada, achando que é por amor, no fundo, está apenas fazendo isso por si mesma, no inconsciente, talvez sinta que está restaurando a ordem "de quando tudo era feliz"... É uma triste ilusão que mantêm todo sofrimento e causa mais. "Faz tudo" por este filho, mesmo quando ele não quer e precisa amadurecer e vivenciar outras coisas, por que ela vê, talvez não ele, mas um elo com aquele relacionamento feliz com o marido ou quando esperavam o bebê que há muito tempo já se foi! Como tudo na vida, passou... A vida vai enviando tragédias para ver se ela entende e escolhe se desapegar e viver o hoje! Mas ela não tem aqui, aquela coragem brava que teria de dar sua vida por um filho na hora de lidar com a realidade atual, ela foge dela, e se agarra com unhas e dentes as ilusões! Quem nunca? Quem nunca agiu assim, não é? Esse é o seu(nosso) aprendizado, desapegar e se amar enfim. Eis a mãe que mima demais o filho e projeta nele toda sua realização e felicidade! Um peso que ele não pode carregar e um abuso contra si mesma que não poderia ser amor nunca, abandonou-se, não se tem mais, como poderia amar? Nem todos os filhos se "transviam" com uma mãe assim, alguns nem percebem estes padrões. Mas haja consciência e meditação para se libertarem deste vínculo destrutivo!

Podemos nos observar incorporando os padrões desta mãe doentia com um amigo, um funcionário, um irmão e até com um marido/esposa ou situações da nossa vida com as quais nos apegamos.

Somos esta mãe quando assumimos este comportamento doentio, tentando manter tudo como está "a qualquer custo", impedindo o fluxo sábio da vida que quer nos ensinar algo. Manter o filho amado sempre "perto e seguro", quando não é o que ele quer ou quando errou feio e precisa agora aprender os limites... Ser mãe não é fácil, né? Erra-se muito também, e os erros nos ensinam o caminho quando nos desapegamos deles, nos desapegamos da culpa e nos permitimos captar a lição, ainda que doa, ainda que exija mudanças e mexer nas zonas de conforto... Gratidão infinita à nossa Mãe!

Os Filhos e as traições travestidas de amor

Cuidado! Os filhos mais novos podem estar aprendendo por osmose que precisam seguir o modelo dos filhos mais velhos para receberem o "amor doentio da mãe" pois é o único modelo disponível que testemunharam... Quem sempre recebe mais cuidados e mimos? O filho mais velho, birrento, mimado e dominador? Ou os que "são mais frágeis e adoecem muito"? Você não precisa adoecer e nem adotar qualquer estratégia para receber o amor, pois a fonte inesgotável de amor está dentro de você e sempre disponível se você for uma “mãe” saudável de si mesmo. Assim também perceberá que está sentindo o amor saudável de mãe como se estivesse em seu colo reconfortante! Infelizmente, ainda que nos negamos a enxergar, muitas vezes acreditamos numa história doente entre mãe e filho, vítima e algoz, e estes padrões maculam fortemente a nossa forma de nos relacionar, pois o relacionamento com os pais criam uma espécie de matriz para as outras relações. Mas estes jeitos aprendidos dos pais, não são os únicos jeitos de nos relacionarmos, existem muitos outros, talvez mais saudáveis e dignos para sermos felizes! Só podemos conhecê-los se tivermos coragem para percebê-los e persistência para nos desapegar dos velhos padrões!

Somos esta mãe ferida, mas muitas vezes somos como o filho mimado, incapaz de olhar para si e eternamente aguardando o momento de glória em que todos estarão esperando para ele "salvar" o dia, uma obsessão tão grande por ser o centro das atenções e ganhar o troféu do "orgulho doentio da mãe" que muitas vezes, ele mesmo fabrica as vítimas, cria a cena e fantasia histórias pra que tudo volte a ser como antes e não tenha que enxergar o que é, o que fez, porque dói demais ver que tudo mudou!

Sem muitas opções, a criança abusada aprendeu a achar que ser amada "não significa" acionar os meios de justiça disponíveis em prol do que é correto, entendeu por osmose ou chantagens emocionais que agir em prol de si mesma equivaleria a destruir a "paz fantasiosa e doentia da família feliz"! Sentiu-se perturbada e culpada ininterruptamente. Ainda mais se isso significar um castigo ao filho preferido! Cada hora o filho preferido pode ser uma pessoa diferente que manifesta o mesmo padrão de comportamento. As vezes é a nossa própria faceta interna nos boicotando.

A mãe insiste em tolerar tudo em prol da paz doentia, "a paz sem voz", até mesmo deixar de ser mãe, “faça o que quiserem com ela, mas não toque nos filhos, especialmente o preferido”. Assim, ensinou aos filhos, sem palavras e por ações, como é lindo e heróico se autoanular e aguentar os crimes em silêncio, ela é muito forte, sabe?!

Aprendemos a admirar protagonistas que sofrem durante o filme inteiro desde a nossa infância! Receita perfeita para os ingênuos filhos assumirem rapidinho o papel de pessoas abusadas assim que se encontrarem com a outra peça do quebra-cabeça. Ela, a mãe, é a mais persistente e é assim que, sem saber, muitas vezes escolhe ser e permanecer como a maior vítima e algoz de si mesma! Pode mudar a qualquer momento, como o filho, se a ficha cair! Assim, ela cometeu um crime talvez mais cruel do que o do abusador da criança, escolheu muitas vezes se omitir, teve medo das mudanças, criou todos os motivos possíveis e imagináveis para adiar a denúncia, a saída, a pronúncia digna do seu contundente “NÃO” - a criança sim era a única indefesa na história e que dependia exclusivamente da ação da mãe neste momento! A criança permanece lá dentro dos adultos, esperando esta intervenção da mãe que nunca vem e não percebe que também agora está repetindo a negligência da MÃE ao invés de fazer o que precisa por si mesma há muitos anos. A criança foi traída também pela própria "mãe", mas não sabe expressar sua raiva, sente-se culpada também por sentí-la e não tem como contradizer a mãe que tanto ama, uma grande confusão mental e emocional, apesar disso, ela vai jogar esta raiva toda contra si mesma, se sentindo até culpada por ter sido abusada e é isto o que ela muitas vezes vê em toda vítima que cruzar seu caminho, o seu próprio espelho: vê a culpa que aprendeu a sentir por si mesma e acha que toda vítima é sempre a "culpada" e merece, procura... Se espalhou o vírus! Assim inconsciente de si mesma, traída por todos e abusada, às vezes, achou um lugar no qual ela pode finalmente deixar tudo isso, custa caro, mas vem algum aparente alívio: o lugar do Abusador - amado pela mãe e copiado pelos outros.

Mas o seu lugar, criança, o seu lugar mãe, o seu lugar abusador, poderia ser o de outro "personagem" que observa tudo isso aqui de fora (perceba... invista em autoconhecimento) enquanto lê ou escreve ou se desindentifica destes personagens, assim cada vez os conhece mais, este é o lugar da Testemunha e do Autor! Sempre esteve nas suas mãos! Você ama, mas não precisa assumir nenhum destes personagens, pode se afastar e se desapegar para enfim escolher um caminho diferente pra você que mudará toda a história exaustiva e cansada de se repetir, geração após geração. Todos temos aqui dentro de nós estes personagens e muitas vezes eles guiam o nosso comportamento, principalmente quando nos recusamos a percebê-los, com repulsa ou medo... A cura está na consciência e no real amor que nada tem a ver com relações abusivas, quem tem real amor não polpa a pessoa amada de colher as consequências do que plantou e de lidar com elas como puder, quem lhe polpa este direito está adiando cruelmente o seu aprendizado e evolução! Por puro egoísmo. Pior, se não deixar o outro aprender, está cometendo um abuso contra si mesmo e muitos outros não envolvidos diretamente e até os que que ainda virão...

O amor verdadeiro se propõe naturalmente a perceber e expressar quais são os limites, ao mesmo tempo que é infinito e incondicional, sabe dizer e sustentar quando é NÃO! Mesmo quando somos nós mesmos os filhos aos quais temos a missão de nos ensinar. Mesmo quando é a criança externa que nos chama para olhar tudo isso dentro de nós em nossa criança interna ferida!

Ser Pai, Mãe e Filho, são faces da mesma moeda.

Em memória dos meus falecidos e amados pais Manuel e Ivanize Diniz ❤ 12/08/18

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