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Teatro de Grupo, Bastidores, Vida, Distanciamento - Cia Paideia


O repórter - Terror e Miséria no III Reich - Cia Jovem Paideia 2013

Cada história, uma época distinta, um pensamento, alguns se repetem... E no meio de tudo isso: eu e você! Querendo nos conhecer mais, comovidos ao achar um lugar aonde Todos são aceitos, mas agora sujeitos a novos rótulos, alguns querendo mudar o mundo, e uns chorando ao lembrar que tem um corpo, medos e gargalhadas vorazes reprimidas ou um bocejo que contagia geral. "Mas teatro não é terapia!" Por mais que trate de alvoraçar as poeiras decantadas e, muitas vezes da turbidez, reluza a clareza que sempre esteve aqui e aí dentro. Nos bastidores, nesta época da foto, 2013, na CIA Paideia de Teatro, lugar valioso, 4 anos e meio pra mim, 4 peças, 4 grupos, reciclados a cada ano, sábados inteiros dedicados ao fazer teatral, muitas vezes também os domingos e feriados... A Casa, 20 anos de resistência, utopia e gerações acolhidas! Missões que se cruzam. Aulas de Coral permeadas de Parábolas e histórias de uma sábio Maestro cantando: Anhangá, HAVA NAGILA, Lacrimosa e Peixe Vivo...

A linha tênue entre o comprometimento e a liberdade de cada um eram temas constantes... O que é cobrança e o que é acordo? O contexto histórico do texto escolhido e do autor, o que queremos dizer ao trazer este texto hoje? Qual forma de contar esta história favorece ou dificulta o processo? Ah! Grupos de teatro são Amores tão intensos, "brigas" tão intensas! Casamentos sem sexo e com muita DR! O desapego de dar ao público um FILHO que vai "assumir" as projeções que cada um depositar ali inconscientemente ou conscientemente... Alguns o assassinam mesmo antes de recebê-lo. Fatos que não eximem o ator da responsabilidade de se dedicar à sua técnica e "dominar"/escolher/aprimorar o que faz, ainda que esta técnica tenha que se flexibilizar e se reinventar sem perder a essência, o que se joga com os parceiros de cena (que jogo sério! Que jogo alegre e tenso!) e com o público, o que se absorve do diretor: um olhar de fora cheio de outras orientações, convenções e expectativas a serem ouvidas e aproveitadas, a nos guiar... Cuidado para não ditar, cuidado para não se omitir.

Desta peça, Terror e Miséria no Terceiro Reich, texto de Bertolt Brecht, o Holocausto Alemão, vejo hoje, dentre outras coisas, reflexões profundas sobre a #CulturadoMedo, o clima de cada cena, a tensão velada prestes a explodir, a loucura de abraçar uma cena nova poucas semanas antes da estréia por paixão e pelos olhinhos brilhantes dos diretores... "O Espião" era a cena, 5 anos se passaram e ainda posso ouvir a chuva que fabricamos em nossa mente ao iniciar esta cena, nossa janela imagética dava para o público e eles podiam conferí-la em nossos olhos, os pingos, textura e chiado se estivéssemos atuando bem neste dia. Ainda nesta cena, a simplicidade da rotina de uma família, sem caricaturas, permeada pelo horror do nazismo, muitas volta em cada frase e palavra para achar intenções e dicotomias humanas. Em uma das apresentações eu me enrolei no texto e entramos num looping interminável quando a discussão do casal esquentava (risos), a tensão entre o caos dos atores contribuiu para o pânico intrínseco na cena! A verdade da cena e da personagem somente aparecem quando a gente, artistas, muitas vezes acusados de vaidade, sumimos em cena! Sumimos para dar vida ao personagem, ironicamente, sumimos ao dilatar a máxima presença ali.

A parceria, os acordos de grupo que sempre tinham que ser refeitos e no dia da estreia, do aplauso, algumas expectativas vorazes de alguns supervalidando ou invalidando friamente, mas a consciência de que há e sempre houve muito mais ali: o imensurável, é sempre muito mais do que se manifesta aqui, no palco! É com isso, esse I-material que trabalhamos, esses "bastidores humanos" preciosos! É sobre ser ator? É sobre vida? Amizades, trabalho, arte, gratidão... Um textão brota toda vez que quero escrever apenas uma linha sobre teatro, por isso é melhor fazer. Acting. Este é só "mais um" ponto de vista, o que vejo agora de fora, dentro, fora, dentro... ... ...

"Brecht desenvolveu uma teoria de técnica dramática conhecida como teatro épico. Ele pretendia evitar que o espectador confundisse arte com a vida real. Por isso, os atores freqüentemente lembravam que o que o público estava vendo era uma peça e não a vida real. Tendo essa consciência, o público despertaria para a possibilidade de transformar a própria realidade. "Precisamos de um teatro que não apenas liberte os sentimentos, pensamentos e impulsos possíveis no âmbito de um determinado ambiente histórico no qual a ação se realiza, mas que utilize e encoraje esses sentimentos e idéias que ajudam a transformar o próprio ambiente", explicava Brecht. Muitas características das peças encenadas hoje em dia, como ausência de cenário, lâmpadas à mostra, cenas curtas, interrupção do texto com comentários sobre a realidade fora do espetáculo, são herança brechtiana." Bibliografia: Riso, Eraldo Pêra. Ator e estranhamento, Brecht e Stanislavski, segundo Kusnet/ Eraldo Pêra Rizzo. – 2ª Ed. – São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2004. Editora Senac Disponivel em http://andreteatro.blogspot.com.br/2011/04/o-ator-e-o-estranhamento.html

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