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  • Relato

Borboletas no caminho!


Meu olhar foi certeiro sobre ela, se arrastando sobre o cimento da calçada. Eu andava apressado e assim, não costumo olhar cada centímetro do chão, mas o fato de ter visto aquela pincelada viva sobre o chão, me impactou! Ofereci minha mão para que ela subisse e na segunda tentativa ela veio, minha meta era apenas deixá-la na primeira plantinha que eu encontrasse onde teria um lugar seguro para completar seu ciclo ou se recuperar. Notei sua asa meio amassada e um das pernas inerte, pensei se ali mesmo não era o fim do seu ciclo ao qual eu não deveria interferir. Ao caminhar com ela dentro da minha mão esquerda em concha, notei que justo o vento que lhe proporciona a graça do voo, neste momento parecia ser o seu algoz tentando arrancá-la sem rumo e contra sua vontade que ainda resiste aderida à superfície rugosa da parte interna da minha mão.

Notei o quão delicado era o seu transporte, qualquer excesso meu poderia esmagá-la e minha intenção de ajudar poderia ferir mais. Andei uns 10 metros e já vejo árvores e jardins, mas já tinha saído daquele estado de “resolver o problema” e estou dilatando a percepção deste encontro e experiência. Aquele ser está em contato direto com a minha energia e vice-versa, ela tem a escolha de se desprender da minha mão e voar quando quiser, mas permanece aqui, então decido cumprir com este “destino” e minha meta agora é deixá-la livre sobre uma das flores do meu jardim, mas ainda temos uns 30 min de caminhada e o vento está forte, vou observar o que acontece... (posso ver aqui muitas metáforas ué! Mas só agora escrevendo o texto).

Na metade do caminho ela se desprende da minha mão e vai parar no meio do asfalto, será que foi escolha ou acidente? O fato é que sua vida ali parece comprometida, ofereço minha mão, na segunda tentativa ela sobe, agora cubro a concha da mão esquerda com a da mão direita e noto como o meu corpo se comporta e se organiza para cuidar daquela frágil vida entre minhas mãos... Chegando em casa, antes de depositá-la sobre uma das plantas do jardim, tenho o impulso de guardar a lembrança deste encontro e começo a fotografar... Percebo o que eu sempre soube intuitivamente, originalmente, fotografar, para mim, é tentar dar eco e prolongar algo que me deslumbrou, opa, fazer qualquer registro ou ato criativo também, escrito, desenhado, encenado ou dançado e sua melhor e mais potente motivação, só pode ser uma: o amor. Por isso é muito importante dar o tempo para mim e para o objeto do amor, antes que eu me "apaixone" e assim o trabalho será muito mais potente! Este cupido não é nada previsível, às vezes me acerta antes de eu fechar o contrato ou mesmo antes de ter qualquer condição de realizar o trabalho que será nosso preciosos filho. Claro que nem sempre posso me dar ao luxo de respeitar e atender a este processo, dadas as realidades de prazos e competitividade desregrada que infelizmente ainda imperam em nosso contexto social, mas reconheço assim um dos grandes precedentes das experiências mais marcantes que vivi. O amor é a mais potente mola propulsora de qualquer ato criativo, não é apenas um olhar romântico, mas um experimento muito fácil de se comprovar. O amor não é domesticável, não obedece aos contratos, mas também nunca se contenta com as barreiras e não dá sossego se não transbordar...

Borboleta 04:

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